por paulo eneas
O dia seguinte ao frustrado ataque aéreo do Irã contra o Estado de Israel serviu para novamente expor as contradições internas do atual governo israelense e a natureza ambígua das atuais relações dos Estados Unidos com Jerusalém. O ataque propriamente dito serviu para demonstrar a elevada capacidade de defesa israelense e a determinação de seus aliados, principalmente os norte-americanos, em apoiar o Estado de Israel diante de um ataque militar.

O ataque aéreo iraniano ocorreu na noite deste sábado (13/04). Centenas de drones e mísseis balísticos e de cruzeiro foram lançados contra o território israelense. O ataque iraniano seguramente foi encetado previamente com a China e a Rússia.

A inteligência israelense já tinha informação do ataque e alertou a população com razoável antecedência sobre o momento da chegada dos mísseis e drones. Segundo informações oficiais dos militares israelenses, não houve uma única baixa civil ou militar do lado de Israel.

Foi a primeira vez na história que ocorreu um ataque direto de Irã contra Israel. Com ajuda dos Estados Unidos, Reino Unido e Jordânia, a defesa antiaérea israelense conseguiu interceptar todos os mísseis e drones, que foram lançados de modo coordenado a partir do Irã, Iêmen, Líbano, Síria e Iraque. Um único míssil teria atingido o território israelense, junto a uma base militar, sem causar maiores danos materiais.

Após o ataque aéreo frustrado na sua intenção aparente, o porta-voz da ditadura iraniana afirmou que “o assunto está encerrado”, dando a entender que o Irã não prosseguirá com seus ataques. O Gabinete de Guerra de Israel posicionou-se a favor de uma retaliação imediata contra o Irã, mas mostrou-se dividido sobre quando e como, principalmente em função da pressão dos Estados Unidos.

Administrar o problema em vez de resolvê-lo
O mais provável é que o Estado de Israel não promova retaliação alguma contra o Irã, nem de imediato nem no médio prazo, pois o evento desse fim de semana novamente expôs a contradição inerente presente há décadas na classe política israelense:

De um lado o Estado de Israel possui capacidade militar, tecnológica e de serviços de inteligência para liquidar em definitivo com os grupos terroristas da Faixa de Gaza e de Judeia e Samaria (Cisjordânia), bem como para desmantelar por meio de espionagem, sabotagem e outros meios o programa nuclear iraniano, que é a única ameaça real do Irã, pois de resto capacidade bélica convencional iraniana é tão débil quanto a da Rússia.

Por outro lado, a solução definitiva tanto do problema iraniano, que não é problema apenas para o Estado de Israel mas também para a maioria do mundo islâmico, quanto do problema dos grupos terroristas, não é empreendida por que não existe acordo político interno em Israel para esse curso de ação. Nem em Jerusalém nem na Casa Branca, seja ela ocupada por um democrata ou por um republicano.

Prevalece na elite política israelense e também na norte-americana o conceito de que os problemas existem para serem administrados e não para serem resolvidos, ainda que esta opção custe potencialmente a vida de civis e de militares israelenses.

Portanto, acreditamos ser mais provável que este ataque iraniano nesse fim de semana seja mais um episódio de um problema que os políticos israelenses pretendem continuar administrando, sem a intenção alguma de resolver.

O ataque iraniano e o ataque terrorista de outubro
Passado o impacto do frustrado ataque aéreo iraniano contra Israel, a pergunta mais difícil que os israelenses devem fazer a si mesmos agora e principalmente a seus políticos, a começar por Benjamim Netanyahu, é a seguinte:

Como que o Estado de Israel consegue defender-se com sucesso de um expressivo ataque aéreo iraniano com centenas de drones e mísseis, mas não consegue impedir que dezenas de terroristas invadam a pé seu território a partir da Faixa de Gaza para matar, estuprar e sequestrar mais de mil e quinhentos civis, inclusive mulheres, idosos e crianças, sem terem sido interceptados horas após a incursão terrestre?


Logo após o ataque iraniano contra Israel na noite do sábado (03/04), Abraham Weintraub fez uma live especial onde analisou o evento e seus possíveis desdobramentos:

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