por abraham weintraub
Uma breve reflexão sobre as acusações de que sou um traidor e um fracassado que cuspiu no prato que comeu.
1) O traidor
Apertei a mão do deputado Jair Bolsonaro no início de 2017. O combinado era mudarmos o Brasil combatendo a corrupção, a mentira (e conhecereis a Verdade, lembram?), o assistencialismo e tantos outros compromissos que acabaram entrando no programa de governo do então candidato à presidência.
Nunca houve um pedido de “obediência incondicional”, um “cala boca moleque” ou um “direita burra”. Na época, a arrogância ainda não havia se manifestado, pelo contrário. O Bolsonaro de então era muito receptivo às ideias que apresentamos e que ele nunca havia defendido (vejam o Plano de Governo).
Eu jamais apoiaria um projeto totalitário, com raiz militar/positivista e baseado no culto à personalidade que caracteriza o Bolsonarismo. Eu jamais andaria sorrindo com pessoas “suspeitas” de serem corruptas. Eu jamais apoiaria alguém do Centrão…
Eu não mudei, não traí meus valores, não menti, não aumentei meu patrimônio financeiro (filhos inclusos) e honrei meu aperto de mão.
Bolsonaro pode falar o mesmo?
Após a vitória, gradualmente, as promessas foram abandonadas e a verdade foi substituída pela mentira. O pior de tudo foi a substituição do compromisso com a honestidade por políticos do Centrão, “suspeitas” de corrupção e enriquecimento, mentiras, mansões e jet-ski, sempre com a chantagem do “é isso ou o PT volta”.
Digam apenas uma única mentira que eu tenha contado!
Eu consigo mostrar dezenas de mentiras contadas pelo presidente Bolsonaro.
2) O Fracassado
Pessoas covardes, “estrategistas militares”, mandam outros atacarem em seu lugar. Afinal, “vocês civis vão na frente, eu vou atrás…”. Muitos brifados me chamam de fracassado. Considero-me abençoado do ponto de vista pessoal, familiar, profissional, acadêmico, financeiro, etc.
Evidentemente, sobrou apenas o prisma político. Afinal, não fui eleito.
Novamente, todas as minhas conquistas pessoais, familiares, profissionais, acadêmicas, financeiras, foram seguindo a trilha da verdade. O que me salvou das armadilhas e encrencas da vida foi minha bússola moral, meus valores. Tive que sair do Brasil e não fui eleito? Tudo bem. Essa era a minha trilha.
Aliás, a Verdade, que sempre me conduziu ao lugar certo, não é democrática. Milhões de pessoas pregando a mentira, contra uma única defendendo a verdade, não transformarão mentira em verdade ou o errado em certo. Galileu, Copérnico, Darwin e tantos outros, clamaram no deserto, antes de serem escutados.
Segundo o critério dessa turma, Lula é o maior brasileiro de todos os tempos e Barrabás é superior a Jesus. Os fins não justificam os meios. Você precisa ter algum limite moral!
Os gregos definiam a política como a mais nobre das atividades humanas. Porém, a afirmação faz sentido apenas se a política estiver pautada pela busca da verdade (raiz da palavra filósofo). Para Aristóteles, a política é essencialmente associada à moral, à virtude.
A própria palavra político significa “filho da cidade”, em grego. A polis, a cidade-estado-nação, era a origem, a mãe, das famílias que nela habitavam. Quando os políticos são os “filhos da Polis” (raiz da palavra) o resultado é o bem comum, diferente de quando é praticada pelos “filhos da P”.
Enfim, este fracassado gostaria de parabenizar os diferentes grupos que, graças à estratégia 4D, venceram:
Parabéns a todos os grimaldistas e messalinas que se venderam ao bolsoleprismo. Fizeram um ótimo negócio. Qualquer troco que tenham recebido é muito mais do que vocês valem.
O argumento utilizado por vocês de: “não podemos ser as virgens no prostibulo” (que provavelmente aprenderam com as mães de vocês) será passado para suas filhas e netas, as próximas gerações de proxenetas. Seu sonho, do Brasil permanecer sendo uma imensa casa de lenocínio (bordel), está mantido!
Eu sei que é difícil para vocês entenderem que, se você tem valor, não há preço que te compre.
Gostaria também de parabenizar os covardes que se calaram diante do errado, com medo de serem difamados pelo bolosoleprismo. Poderão viver tranquilamente em um país emporcalhado pela mentira, afinal, o lugar de covardes é no chiqueiro.
Parabéns também aos oportunistas que surfaram a onda do bolsolepresimo. Eu sei que nunca terão dor de consciência. Por último, parabéns aos Degenerais e seus asseclas. Vocês mantiveram intacta a República de Deodoro.
3) Eu cuspi no prato que comi
Peço para que parem de espalhar essa mentira, essa Fake News. Eu nunca comi o Presidente Bolsonaro! O próprio faz questão de se jactar como Incomível, Imbroxável e Imorrível!
4) Conclusões
OK, podem falar que “traí” o Bolsoleprismo, um movimento corrupto e mentiroso ao qual nunca jurei lealdade, muito menos “apoio incondicional” (como os brifados gostam de exigir).
Podem falar que sou fracassado. Enquanto Lula e Tiriricas venceram. O Brasil e as famílias que nele moram é que estão condenados a mais quatro anos de República de Deodoro.
Podem até falar que cuspo no prato em que comi (vejam a entrevista do Paulo Guedes sobre como negociaram com o STF para entregar minha cabeça).
Quero ver é me chamar de corrupto ou ladrão!
O que muitos não entendem é que uma derrota é diferente de um fracasso. Acreditem, houve espinhos e pedras em minha trilha. Muitas derrotas pessoais, profissionais, acadêmicas, sentimentais/familiares, etc. Já tive muitas frustações e decepções. Lido bem com isso e hoje sou mais forte e maior em todos esses campos descritos.
A derrota só te torna um fracassado, um escravo da mentira, se ela quebrar seu espírito e você não mais conseguir ficar de pé. Entendo que esse conceito de ficar de pé é sofisticado para seres rastejantes, porém, em outras palavras, perder uma batalha é parte da vida do guerreiro. Perder a dignidade é opcional.
Bolsonaristas, grimaldistas, positivistas, degenerais e outros seres rastejantes podem continuar se ufanando da lepra que são. Aproveitem o Carnaval, ao som de Anita e Funk, ensinem suas filhas e netas a rebolar e a se tatuar no imenso bordel que é a República de Deodoro.
Abraham Weintraub é ex-ministro da Educação e a principal liderança política do Movimento Reação Conservadora em São Paulo.
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