por paulo eneas
Enquanto os gaúchos padecem na tragédia das enchentes diante da absoluta inoperância do Estado brasileiro em todas as esferas em mostrar alguma serventia para a população nos momentos em que ela mais necessita, o Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), parece estar vivendo em realidade paralela.

Em entrevista essa semana à imprensa, o governador concentrou-se em planos futuros de reconstrução do Estado, aos quais está chamando demagogicamente de “Plano Marshall” para fins puramente midiáticos e de promoção político-eleitoral.

Numa demonstração de cinismo e absoluta ausência de empatia para com as vítimas das enchentes de seu Estado, Eduardo Leite afirmou que os mais de R$ 70 milhões arrecadados em doações feitas pelos brasileiros não serão destinados às vítimas, mas sim à reconstrução do Estado.

Ocorre que o Estado não vai ser reconstruído do dia para a noite quando as águas baixarem. Nesse interim o que o governador tem a dizer e oferecer às vítimas que perderam tudo nas enchentes: casas, empresas, lavouras inteiras e que precisam de solução imediata para o drama que vivem? Nada!

Ao longo da entrevista o governador não disse uma palavra sobre ações imediatas que precisam ser tomadas, como resgate e acolhimento das pessoas que perderam tudo, limpeza das cidades recuperáveis após as águas baixarem, tratamento e assistência médica aos feridos, e menos ainda sobre planos de contingência para a prevenção de doenças que poderão acometer as pessoas em decorrência dos alagamentos.

Ou seja, a preocupação manifesta pelo governador parece ter o foco em qualquer outra coisa, menos nas pessoas que foram vítimas das enchentes. Os gaúchos infelizmente estão constatando da maneira mais dolorosa possível que o Estado brasileiro é uma instituição falida e incapaz de atender as necessidades da população justamente nos momentos em que ela mais precisa.

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