por paulo eneas
Durante reunião ministerial na semana passada, o petista Lula afirmou que o Brasil não sofreu um golpe de Estado por que o então presidente Jair Bolsonaro foi, nas palavras do petista, um “covardão”. Lula ainda afirmou que a suposta tentativa de golpe de Estado seria agora uma certeza, com base nas informações trazidas a público pelas investigações.
Independentemente do que pensa o petista e do que ele diz para fazer acenos à sua base política, é fato que as informações disponíveis sugerem que a suposta tentativa de ruptura institucional teria sido uma medida atrapalhada e improvisada tomada no desespero por Jair Bolsonaro e seu entorno logo após a proclamação oficial dos resultados da disputa eleitoral de 2022 dando a vitória ao petista.
O desespero viria do fato de que o ex-presidente acreditava piamente que venceria Lula facilmente na disputa eleitoral, pois havia sido convencido disso pelo seu entorno havia mais de dois anos, quando teve início a operação orquestrada por Jair Bolsonaro para reabilitar o petista Lula. Operação esta que incluiu “contornar” a Lei da Ficha Limpa e anestesiar sua própria base militante por meio de sua rede agentes desinformantes.
Lembremos que então presidente Jair Bolsonaro afirmou em uma de suas modorrentas lives de quinta-feira que “se tiver que votar para absolver o Lula, que vote”, ao comentar o voto dado pelo ministro Kassio Nunes que foi decisivo para a reabilitação do petista, como pode ser visto no vídeo abaixo.
Lembremos também que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou em seguida, em sessão da Câmara dos Deputados que “vai ser muito bom ter Lula solto”, pois na visão torpe do deputado isso permitiria recriar o clima de disputa de 2018.
A fala do deputado foi obviamente estúpida e sem nexo, pois parece que o filho do então presidente esqueceu-se que Lula não disputou as eleições de 2018. Pois naquele ano, Jair Bolsonaro venceu o petista Fernando Haddad, que não tem o mesmo apelo e carisma eleitoral do líder petista.
É provável que nem mesmo Jair Bolsonaro e seu entorno acreditam de fato nas narrativas disseminadas nas redes bolsonaristas a respeito das supostas irregularidades nas urnas eletrônicas. Tivesse Bolsonaro convicção a respeito, iria sustenta-la até o fim, e não apenas ficar bravateando sobre o assunto durante todo o mandato.
Observe-se que Jair Bolsonaro nunca exibiu prova alguma dessas supostas irregularidades, ainda que alegasse possuir tais provas. E no momento que foi instado a exibi-las não o fez alegando desculpas estapafúrdias, como a de estar sob efeitos de medicamentos.
Donde depreendemos que a narrativa de “fraude” serviu apenas para uma finalidade: um simulacro de “carta na manga” que funcionou como gatilho emocional para manipular e instrumentalizar sua base de inocentes e iludidos que foram parar no abatedouro.
A realidade é que Jair Bolsonaro perdeu a eleição por que fez um péssimo governo, sua estratégia de comunicação institucional foi um desastre em igual, sua gestão da economia foi equiparável a um Dilma Rousseff 3.0 e sua articulação política foi amadora na maior parte do tempo. A aparente tentativa de virar a mesa no pós eleição foi um gesto de desespero, a materialização final daquilo que se pode chamar de a soma de todos os erros.
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