Os fatos mostram que o bolsonarismo nem mesmo pode ser considerado um movimento político, pois não possui plataforma nem programa de governo nem nada a oferecer aos brasileiros: trata-se na verdade de um experimento de manipulação psicológica de massas levado até o limite aonde um ser humano pode ser manipulado.


por paulo eneas
Um dos problemas do Brasil nos últimos anos é que aquele movimento político que supostamente iria se tornar a direita nacional foi deformado ideologicamente, moralmente  e intelectualmente pelo emprego constante de técnicas de manipulação de massas por parte dos agentes do bolsonarismo.

O carro-chefe dessa técnica manipulatória é a instrumentalização da crença religiosa dos indivíduos por meio do uso desmedido e indevido do nome de Deus, e a exploração das ansiedades e angústias das pessoas por meio da disseminação permanente de narrativas catastrofistas destinadas a incutir o medo.

Desta forma, o bolsonarismo passou a tratar cada fato político relevante sob uma perspectiva absolutista, catastrofista e irreversível. Como se a humanidade, ou ao menos o Brasil, estivesse caminhando inexoravelmente para o comunismo a menos que o bolsonarismo e seu mito bezerro de ouro triunfasse.

Basta lembrar que em 2020, quando da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais norte-americanas, bolsonaristas anunciavam o “fim” dos Estados Unidos, uma iminente nova guerra de secessão que se iniciaria pelo Texas e o fim das liberdades do povo americano.

O fato é que o país dos gringos, apesar de Joe Biden, segue sendo igual ao que sempre foi, a economia mais poderosa do mundo, a terra da liberdade e das oportunidades e Donald Trump poderá talvez até mesmo vencer as eleições presidenciais esse ano. O que têm a dizer agora os catastrofistas de quatro anos atrás?

Quando Maurício Macri perdeu as eleições para os Kirchner na Argentina em 2019, anunciou-se a inevitável venezuelização portenha e que o tal “Foro de São Paulo” nunca mais sairia da Casa Rosada. Kirchner fez um governo desastroso o bastante na economia que levou sua derrota para o libertário Javier Milei, que tem no seu staff os homens de Macri.

O face mais visível do “comunismo” na Argentina é a inflação galopante, em patamares quase idênticos àqueles do Brasil no Governo Sarney (Sarney era comunista?) e que vai exigir muita habilidade de Javier Milei para debelar.

Quando da vitória de Gabriel Boric no Chile, bolsonaristas anunciaram uma iminente guerra civil e caos social naquele país. Valeram-se até mesmo da divulgação de vídeos fakes, do período de distúrbios violentos provocados pela esquerda durante o governo do frouxo Sebastian Piñera, como “prova” de que o comunismo estava sendo implantado no Chile de Gustavo Boric.

A realidade é que embora o desempenho da economia chilena desde março de 2022, quando o esquerdista Gabriel Boric assumiu a chefia do país, tenha estado pior do que aquele do período do governo centrista de Sebastian Piñera, o país continua sendo o mais próspero da América Latina.

Além disso, os chilenos impuseram derrotas importante ao atual governo, sendo a principal delas a rejeição em plebiscito de uma nova Constituição que a esquerda desejava impor ao país.

Ao mesmo tempo, em encontro de presidentes latino-americanos promovido pelo petista Lula ano passado em Brasília (DF), Gabriel Boric alinhou-se ao presidente colombiano Gustavo Petro nas críticas duras ao regime de ditadura da Venezuela. Cadê então o comunismo chileno anunciado há dois anos pelas trombetas apocalípticas do bolsonarismo?

Quando da vitória do petista Lula, bolsonaristas anunciaram que brasileiros estariam comendo cachorro até meados do ano passado e que o país estaria quebrado até o fim do ano. O próprio Paulo Guedes, um Guido Mantega na versão patriota-bolsonarista, vaticinou que estaríamos igual a Argentina em seis meses do atual governo. O que o Posto Ipiranga teria a dizer agora?

Bolsonaristas também anunciaram, e na verdade torciam para que isso acontecesse, que brasileiro estaria comendo cachorro até março do ano passado. O ano acabou, e até onde sabemos os doguinhos estão aí vivinhos da silva. A situação econômica do país continua ruim, como acontece em qualquer governo de esquerda, mas não pior do que estava no período da desastrosa gestão bolsonarista.

Ou seja, nenhuma análise política ou previsão econômica dos bolsonaristas merece ser levada a sério, inclusive aquelas análises e previsões feitas por seus pretensos “intelectuais”, que não merecem credibilidade nem respeito algum, pois não se tratam de pensadores independentes focados na honestidade intelectual do trabalho que fazem, mas tão somente panfletaristas letrados de rabo preso com político.

Toda a estratégia de comunicação dos bolsonaristas, seja a mais rasteira e grotesca destinada ao povão ignorante, seja aquela mais pretensamente sofisticada destinada ao público letrado (o bolsonarismo gourmet) não se destina a orientar as pessoas para a ação política. A comunicação presta-se unicamente a manipular as pessoas explorando seus medos e ansiedades.

A rigor, o bolsonarismo nem mesmo pode ser considerado um movimento político, pois não possui plataforma nem programa nem nada a oferecer aos brasileiros: trata-se na verdade de um experimento de manipulação psicológica de massas levado até o limite aonde um ser humano pode ser manipulado.

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O livro é possivelmente a primeira obra publicada expondo a verdadeira face do bolsonarismo, sem render-se às narrativas delirantes criadas pelos bolsonaristas em torno da figura do “Mito” e sem ceder às narrativas puramente retóricas para fins de guerra política que são usadas pela esquerda. Clique na imagem para ver resenha completa e informações onde adquirir seu exemplar.

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