por paulo eneas
A imprensa informou esta semana que o partido sucedâneo da fusão do extinto PTB com o Patriotas dará apoio às pautas do Governo Lula. Novidade zero. Todos os partidos atualmente existentes, inclusive os partidos que bolsonarismo adotou e apresentou ao eleitor de direita como sendo uma suposta oposição conservadora, estão de algum modo alinhados ao atual governo petista.

O bolsonarismo conseguiu realizar uma façanha até então inédita em nossa história política: extinguir toda e qualquer oposição política parlamentar ao governo de turno.

Notem que antes do bolsonarismo, o tucanato e seus satélites eram uma oposição mais convincente aos primeiros governos petistas. Da mesma forma que os petistas e seus satélites faziam algum nível de embate político contra os governos tucanos de FHC.

Lembremos que uma importante emenda constitucional de uma reforma tímida na previdência social na era tucana foi derrotada por 1 (um) voto, por conta de um suposto “engano” do ex-deputado Antonio Kandir. Por sua vez, FHC somente conseguiu aprovar a emenda da reeleição por métodos não ortodoxos confessados pelo seu então ministro das Comunicações, o falecido grão-tucano Sérgio Motta.

Hoje não há nada disso. Os partidos da suposta oposição para onde Bolsonaro empurrou toda a direita (PL, PP, Republicanos) são na prática da base do governo petista, que aprova com tranquilidade tudo que precisa, como vimos ao longo do ano de 2023 que se findou.

Ao mesmo tempo, o bolsonarismo se encarrega de impedir o surgimento de qualquer liderança política que possa vir a fazer alguma oposição ao condomínio petismo-bolsonarismo-centrão, como estamos vendo nas articulações para as eleições municipais desse ano. Em várias cidades, bolsonaristas e petistas estarão juntos no pleito municipal, como já antecipei aqui e posteriormente a imprensa confirmou.

Consolidou-se assim uma hegemonia política e institucional no Brasil das duas principais forças políticas, bolsonarismo e petismo, que convergem em praticamente todas as pautas importantes referentes às políticas públicas, e que mantêm entre si apenas um embate retórico destinado a alimentar e iludir suas respectivas bases.

Para entender o Brasil que entra no ano de 2024 é importante ter claro esse dado da realidade: não existe oposição política ao governo petista. Não existe oposição nem no plano político institucional, nem na sociedade civil, em cujas organizações a direita nunca atuou por não considerar importante, ainda que viva denunciando o suposto “aparelhamento” destas organizações pela esquerda.

Ocorre que aquilo que a direita chama de “aparelhamento” de entidades da sociedade civil é na verdade uma vitória por WO da esquerda, pois ela sempre atuou sozinha nestas entidades, já que a direita nunca teve partido político, que ela também nunca se preocupou em organizar, para definir estratégias de atuação na sociedade civil. Ou seja, o que chamamos de direita política no Brasil é apenas uma hipótese futura.

O caso do agora extinto PTB foi exemplar. A despeito de sua história pregressa ligada ao progressismo, a partir de dado momento, bem antes da eleição de Jair Bolsonaro em 2018, houve de fato a intenção de tornar a sigla o abrigo dos conservadores e o caminho para a formação de uma direita política, principalmente a partir da diretriz dada pela direção do diretório paulista da sigla.

Mas a permanência do partido sob a órbita do bolsonarismo mostrou que é impossível nadar num rio de ácido sulfúrico e sair com a pele ilesa. O bolsonarismo se encarregou de dizimar o PTB de norte a sul no país nas eleições passadas, não sem antes colocar sua rede de agentes desinformantes para promover o assassinato de reputação dos poucos dirigentes conservadores da sigla, matando assim no nascedouro qualquer “risco” de se formar uma futura agremiação de direita no Brasil.

Com a fusão com uma sigla que já era sabidamente fisiológica, o partido tomou o destino de todas as atuais agremiações políticas existentes: ficar sob o guarda-chuva do condomínio hegemônico do petismo-bolsonarismo.

Dado esse quadro, os segmentos que formam a genuína direta no Brasil, seja ela conservadora ou de viés mais liberal, precisam entender que a única maneira de voltarmos ao jogo político no Brasil será pelo esforço de formar um partido político genuinamente de direita, que venha a romper com todos os erros e vícios que o bolsonarismo fomentou e que levou à destruição no nascedouro de uma direita que começava a surgir no país há cerca de dez anos. É hora de recomeçar.


O livro é possivelmente a primeira obra publicada expondo a verdadeira face do bolsonarismo, sem render-se às narrativas delirantes criadas pelos bolsonaristas em torno da figura do “Mito” e sem ceder às narrativas puramente retóricas para fins de guerra política que são usadas pela esquerda. Clique na imagem para ver resenha completa e informações onde adquirir seu exemplar.

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