por paulo eneas
Contrariando expectativas da quase totalidade dos analistas políticos, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista concedida à CNN Brasil ainda na cidade norte-americana de Orlando, Florida, quando de seu retorno dos Estados Unidos, que ele não pretende liderar a oposição ao governo petista.
“Não vou liderar nenhuma oposição. Vou participar com meu partido (…) para colaborar com o que eles desejarem, como a gente pode se apresentar para manter o que tiver de ser mantido e mudar o que tiver de ser mudado”, afirmou Bolsonaro.
A afirmação do ex-presidente é repleta de ambiguidades, uma vez que esperava-se que ele se colocasse como líder natural da oposição ao governo petista, tomando para si a responsabilidade e a missão de definir estratégias e pautas a serem adotadas pelos seus apoiadores para fazer oposição efetiva ao governo petista.
Ao se colocar desse modo ambíguo, Jair Bolsonaro dá a entender que espera antes ser “aclamado pelo povo” para esta tarefa, numa espécie de um segundo “Eu Autorizo”.
Trata-se de uma estratégia que remete em parte à estratégia fracassada do ex-presidente Jânio Quadros, quando da sua renúncia no início dos anos sessenta do século passado, quando esperava ser aclamado pelo povo para voltar à presidência.
A impressão que se depreende da fala de Jair Bolsonaro é que ele parece estar esperando esta suposta aclamação popular como forma de edge (ou seguro, como se diz no mercado financeiro) para, caso esta missão oposicionista fracasse, ele possa dizer mais adiante: “Eu não queria nada disso, vocês é que me convocaram”.
Obviamente não é esta a postura que se espera de um político que teve em torno de meio milhão de votos na última eleição presidencial.