por paulo eneas
Circulam em grupos do WhatsApp esta semana algumas publicações afirmando que Kamala Harris supostamente teria usado ponto eletrônico no debate com Donald Trump na última terça-feira (10/09). O publicação não dá qualquer evidência desse uso, apenas afirma que a esquerda somente vence debates por meio de supostas trapaças. Observe-se que aqui há uma admissão implícita de que Kamala Harris teria vencido o debate com Trump.

Publicações desse tipo surgem em meio a algumas avaliações que apontam que o desempenho de Donald Trump, o candidato de Vladimir Putin nestas eleições presidenciais norte-americanas, teria tido um desempenho aquém das expectativas de seus apoiadores.

Mas voltemos ao ponto eletrônico: na hipótese de esse recurso ter sido realmente usado por Kamala Harris, a imprensa norte-americana teria sido a primeiro a denunciar, o que arruinaria por completo a candidatura do Partido Democrata. O risco nesse tipo de expediente é elevado demais e não compensaria os eventuais benefícios.

Mas o fato de uma “denúncia” desse tipo ganhar repercussão em nichos da direita no Brasil, a despeito da sua plausibilidade quase nula, revela a meu ver um sintoma: o sintoma da ausência de inteligência política em largas parcelas da direita brasileira.

Pois a cada eleição aqui no Brasil ou nos Estado Unidos, sempre surge uma teoria conspiratória na direita acusando o candidato oponente de ter usado ponto eletrônico nos debates. Muito pior que os vigaristas que ganham dinheiro gerando engajamento com estas especulações, é constatar que parcela do público de direita consome e dá crédito a esse tipo de especulação, demonstrando assim sua baixa ou inexistente inteligência política.

Cabe aqui perguntar o que aconteceu com a direita brasileira em anos recentes, qual foi a maldição ou praga rogada, que fez com que esse campo político se tornasse o terreno fértil onde proliferam e vicejam todo tipo de vigarices intelectuais, delírios conspiracionistas, lixo pseudocientífico terraplanista, “teses políticas” sem pé nem cabeça e totalmente descoladas da realidade.

A impressão que se tem é de que a direita brasileira contemporânea se caracteriza pelo absoluto descompromisso com a realidade factual, principalmente quando esta lhe é desfavorável, e pela adesão cega a narrativas imaginárias que impedem essa direita de enxergar seus erros e reformular suas estratégias, procurando guiar sua prática pelo proposição de políticas públicas convincentes e consistentes.

Mas em vez disso, tudo que a direita no Brasil tem feito em anos recentes é se retroalimentar com algumas certezas e convicções fajutas, baseadas em narrativa auto enganadoras, que servem apenas para garantir derrotas futuras para a esquerda.

Aqui cabe lembrar com ironia o fato de há anos a direita brasileira ter criado a fantasia de que a esquerda (os petistas) é burra e que os inteligentes estão na direita. Mas o que a realidade política factual tem mostrado em anos recentes é que, fazendo um paralelo com um canteiro de obras, a direita é formada pelos serventes e ajudantes de pedreiro, enquanto a esquerda reúne os arquitetos e engenheiros e da obra.

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